Taxas longas sobem com mercado à espera de dados e novidades na área fiscal
As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em alta, em especial nos contratos mais longos, com investidores à espera de indicadores importantes no restante da semana e de novidades no campo fiscal brasileiro, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries registraram ganhos firmes.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,25%, ante 11,242% do ajuste anterior. A taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,7% ante 12,684%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2030 estava em 12,84%, ante 12,804%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,72%, ante 12,673%.
A sessão desta segunda-feira funcionou como uma espécie de intervalo antes da bateria de dados e de eventos a serem observados pelo mercado no Brasil e no exterior no restante desta semana e na semana que vem.
De sexta-feira vinha a boa notícia de que Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu que a bandeira tarifária do setor de energia em novembro será amarela — e não mais vermelha patamar 2, como em outubro. Com isso, a cobrança adicional nas contas de energia passa dos atuais 7,877 reais a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos para 1,885 real, o que tende a retirar parte da pressão sobre a inflação.
A agência havia acionado em outubro a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que trazia a mais alta cobrança adicional, em meio a uma queda no nível dos reservatórios de hidrelétricas durante o período seco à época. A bandeira amarela para novembro foi informada pouco antes do fechamento dos mercados na sexta e ainda reverberou nesta sessão.
“Com a bandeira amarela para novembro, pode dar uma aliviada em 15… 20 pontos-base no IPCA”, estimou durante a manhã o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado a clientes. “Mas a chance de estourar o teto da meta este ano é muito grande.”
O relatório Focus divulgado pela manhã pelo Banco Central corroborou esta percepção, ao mostrar que a inflação projetada pelo mercado para 2024 passou de 4,50% para 4,55% — acima do teto da meta. Para 2025, variou de 3,99% para 4,00%.
A meta contínua de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual (teto de 4,50%).
Pela manhã, as taxas dos DIs chegaram a oscilar em baixa, ensaiando uma correção após as elevações mais recentes, mas o movimento não se sustentou. A taxa do DI para janeiro de 2023, por exemplo, marcou a mínima de 12,71% às 9h51 (baixa de 9 pontos-base ante o ajuste de sexta-feira), mas depois ganhou força, alinhando-se mais diretamente ao avanço dos yields dos Treasuries.
Nos EUA, investidores aguardavam pela divulgação do relatório Jolts de empregos na terça-feira, do PIB no terceiro trimestre na quarta, do índice de inflação PCE e dos pedidos de auxílio-desemprego na quinta e do relatório de empregos payroll na sexta. Na próxima semana, ocorrem a eleição presidencial no dia 5 de novembro e a decisão de juros do Federal Reserve no dia 7.
A expectativa antes dos dados e as apostas de que o republicano Donald Trump derrotará a democrata Kamala Harris na eleição deram suporte aos yields, o que também empurrou as taxas dos DIs durante a tarde.
Além disso, o mercado no Brasil se mantinha à espera de novidades concretas na área fiscal. Passado o segundo turno das eleições municipais, a expectativa agora é pelo anúncio pelo governo Lula de medidas para contenção de gastos.
Sem novidades, havia pouco espaço para as taxas se sustentarem em baixa nesta segunda-feira. Em reunião com investidores organizada pelo Deutsche Bank, em Londres, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deixou claro o quanto as medidas fiscais serão importantes.
“Tem que ser algo que produza uma mudança nas expectativas que seja grande o suficiente para reverter o prêmio de risco, a expectativa de inflação e a curva longa de juros, e isso alimentaria a função de reação (do BC) de maneira positiva”, disse.
Neste cenário de expectativas — mas sem ações concretas — as apostas para o encontro da semana que vem do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC pouco variaram ao longo do dia. O Copom decidirá o novo patamar da Selic, hoje em 10,75% ao ano, em 6 de novembro — um dia depois da eleição norte-americana e um dia antes da decisão do Fed sobre juros.
Perto do fechamento a curva a termo precificava 92% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da taxa Selic na semana que vem, contra 8% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram os mesmos.
Às 16h40, o rendimento do Treasury de dois anos–que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– tinha alta de 4 pontos-base, a 4,136%. Já o retorno do título de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 4 pontos-base, a 4,272%.
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