Nova diretoria da Raízen terá como primeiro desafio ganhar a confiança do mercado
De todas as mudanças de executivos anunciadas pelo grupo Cosan, a que deve causar mais impacto é na Raízen (RAIZ4), companhia de produção de açúcar e etanol, distribuição de combustíveis, geração de energia renovável e lubrificantes.
Helena Kelm, analista da XP, participou nesta terça-feira (22) do programa Morning Call da XP e disse que embora as mudanças sejam vistas como positivas na Raízen, a visão geral em relação à empresa é de cautela.
Nelson Gomes, ex-CEO da Cosan (CSAN3), assumirá o cargo de novo CEO da Raízen, enquanto Rafael Bergman, que passou quase três anos como CFO da Rumo (RAIL3), assumirá como CFO e Diretor de Relações com Investidores na companhia de energia. Ricardo Mussa, atual CEO da Raízen, deixará o cargo para se tornar CEO da Cosan Investimentos.
Tese de etanol em cheque
“Como as ações da Raízen tiveram um desempenho significativamente negativo este ano, muito pelo ceticismo com relação à tese de etanol de segunda geração e por conta da alavancagem, as mudanças são vistas como positivas”, comentou.
“É uma mudança que vem aí para melhorar, mas acreditamos que a gestão terá primeiro que estabelecer um novo histórico dentro da empresa, para conseguir abordar efetivamente as preocupações dos investidores – para, assim, o mercado se tornar mais otimista em relação a Raízen”, acrescentou.
As ações da Raízen acumulam queda de quase 30% no ano. Segundo a XP, Nelson Gomes traz vasta experiência em liderança, tendo atuado anteriormente como CEO da Comgás e da Moove, além de um longo período na ExxonMobil.
Já Rafael Bergman tem sólida formação, com experiência no ABN Amro Bank, Comgás, Compass e mais de cinco anos na própria Raízen, onde anteriormente ocupou o cargo de diretor de tesouraria e RI.
Rumo segue sua estratégia
Na Cosan, Nelson Gomes será sucedido na presidência por Marcelo Martins, executivo com profundo conhecimento do portfólio do grupo. “Ele é bem reconhecido pelo papel que teve na transformação da holding de uma gestora de portfólio focada na alocação de capital. Não se prevê nenhuma disrupção decorrente dessa mudança na holding”, disse a analista.
Já na Rumo (RAIL3), quem assume o lugar de Rafael Bergman é Guilherme Machado, que é o atual CFO da Compass, também do grupo Cosan. “Não esperamos nenhuma mudança na estratégia operacional ou nos planos de investimentos da Rumo”, ressaltou Helena Kelm.
“As movimentações de executivos dentro do grupo Cosan são bastante comuns e em geral são bem vistas”, comentou ainda a analista.