Millennials superam financeiramente Geração X e boomers na mesma idade, diz estudo
Os millennials (nascidos de 1984 a 1995) frequentemente são vistos como enfrentando desafios financeiros mais difíceis em comparação com seus predecessores da Geração X (nascidos de 1964 a 1983) e os baby boomers (nascidos entre 1947 e 1963), lidando com o aumento do custo de vida, as consequências da crise financeira de 2008 e o impacto da COVID-19. No entanto, uma nova análise de dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos e do Federal Reserve desafia essa narrativa.
Um estudo do site LendingTree mostra que os millennials americanos com idades entre 26 e 41 anos em 2022 tinham um patrimônio líquido médio de US$ 84.941 (cerca de R$ 484 mil) — 8,4% superior ao dos Geração X na mesma idade em 2007 e 46% superior ao dos boomers em 1989, após ajustes pela inflação.
Em termos de ativos, 99,3% dos millennials possuíam ativos (dinheiro, propriedades ou investimentos) em 2022, em comparação com 97,5% dos Geração X e 93,8% dos boomers em estágios de vida semelhantes.
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Os ativos medianos dos millennials foram avaliados em US$ 219.200 (R$ 1,24 milhão), próximo aos US$ 246.991 (R$ 1,40 milhão) dos Geração X e significativamente superiores aos US$ 124.963 (R$ 712.414) dos boomers, com base nos dados do Federal Reserve.
Apesar de gastos mais altos — US$ 67.883 (R$ 387 mil) anualmente em comparação com US$ 63.761 (R$ 363.501) dos boomers — os gastos dos millennials representam uma parcela menor de sua renda. Em 2022, os millennials gastaram 75,8% de sua renda bruta, em comparação com 83,2% dos Gen X e 91% dos boomers, sinalizando uma abordagem financeira mais conservadora.
“Cicatrizes da Grande Recessão e da pandemia”
A combinação de ativos consideráveis e alto patrimônio líquido revela a Matt Schulz, analista-chefe de crédito da LendingTree, muito sobre como os millennials veem a saúde financeira: “Acredito que as cicatrizes da Grande Recessão e da pandemia ajudaram a moldar a visão dos millennials sobre dinheiro, forçando-os a se concentrar mais em suas finanças do que outras gerações precisaram fazer.
“Esse foco os levou a aprender mais sobre dinheiro, a começar a investir e a economizar mais cedo, a se tornarem mais empreendedores e a fazer outras movimentações financeiras que os ajudaram a se preparar para o sucesso. Certamente ajudou o fato de que vimos as ações atingirem máximas históricas.”
O autor do livro “Ask Questions, Save Money, Make More” (“Faça Perguntas, Economize Dinheiro, Ganhe Mais”, em tradução livre) continuou: “[Os millennials] tentam economizar quando podem. Tentam investir quando podem. Eles não estão gastando muito dinheiro em coisas fúteis para impressionar os amigos.
“Infelizmente, parte disso é impulsionada pelo medo. Muitos millennials perderam empregos várias vezes ao longo dos anos e não se esqueceram. Eles querem fazer tudo o que puderem para se proteger caso isso aconteça novamente.”
Prontos para a “Grande Transferência de Riqueza”
Os economistas não conseguem chegar a um consenso sobre se os millennials podem esperar que sua riqueza cresça ainda mais devido à chamada “Grande Transferência de Riqueza”.
De acordo com o Relatório de Riqueza de 2024 da corretora de imóveis Knight Frank, divulgado no início deste ano, ao longo dos próximos 20 anos, US$ 90 trilhões (R$ 513 trilhões) em ativos serão transferidos entre gerações apenas nos EUA.
Segundo a Knight Frank, essa mudança fará dos millennials afluentes “a geração mais rica da história”.
No entanto, as expectativas de um grande ganho para os millennials — uma geração aparentemente independente e relativamente afluente — podem ter sido exageradas.
Isso porque os boomers e os Geração X não estão realmente planejando transferir todos os seus ativos para seus parentes mais jovens, mas sim usar a riqueza para viver à medida que a população envelhece.
Uma pesquisa da Northwestern Mutual Harris Poll com mais de 4.500 adultos nos EUA neste verão descobriu que, enquanto 32% dos millennials e 38% da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2009) estão contando com heranças, apenas 22% dos Geração X e boomers estão se preparando para deixar uma herança.
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