investidor que vem tomando prejuízo deve aproveitar juro real de 6,5%?
Quem comprou títulos do Tesouro IPCA+ no primeiro semestre ainda não viu os papéis saírem do vermelho por conta da marcação a mercado. O juro real de 6% ao ano, marco que faz a maioria dos analistas recomendar os títulos de inflação, voltou a ser ofertado em abril, mas hoje os papéis mais seguros do mercado pagam até IPCA + 6,5%.
Por isso, mesmo com a remuneração do Tesouro Direto próxima a níveis recorde no ano, investidores podem ter dúvidas se este é um bom momento para aplicar na renda fixa pública ou se continuarão tomando prejuízo nos próximos meses.
A resposta de especialistas ouvidos pelo InfoMoney é curta e grossa: sim, vale a pena investir agora. Na visão deles, a volatilidade nas taxas é normal, mas a tendência é que o retorno seja positivo conforme o tempo passa e quem tiver paciência colherá bons frutos.
“Este é um dos melhores momentos para comprar (títulos do Tesouro IPCA+) e quem comprou papéis vencendo em 2035 ou 2040, por exemplo, vai conseguir sair antecipadamente (com lucro) disto”, prevê Nicolas Gass, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
Os títulos públicos com parte da remuneração prefixada sofrem os efeitos da marcação a mercado. Em resumo, se você investiu em um papel que paga IPCA + 5% e, um mês depois, o mesmo título paga IPCA + 6%, o que você tem na carteira vale menos, já que o mercado oferece coisa melhor no momento. Por outro lado, se as taxas caem para IPCA + 4%, você pode ganhar dinheiro. Mas isto só vale em caso de saída antecipada da aplicação e se o investidor levar o título até o vencimento, terá a remuneração prometida.
Veja o comparativo das taxas do Tesouro IPCA+ em 11 de abril, quando o juro real voltou a superar os 6% ao ano, e o último fechamento, desta quarta-feira (25):
Título | Juro real em 11/abr | Juro real em 25/set |
Tesouro IPCA+ 2029 | 5,92% | 6,47% |
Tesouro IPCA+ 2035 | 6,01% | 6,28% |
Tesouro IPCA+ 2045 | 6,06% | 6,31% |
Tesouro IPCA+ 2035 com juros semestrais | 5,99% | 6,31% |
Tesouro IPCA+ 2040 com juros semestrais | 6,00% | 6,22% |
Tesouro IPCA+ 2055 com juros semestrais | 6,03% | 6,30% |
Por isso, o portfólio de quem comprou IPCA + 6% está no vermelho por alguns meses, mas analistas consideram que a variação ainda é de curto prazo. Para eles, os efeitos benéficos na carteira são mais certos em aplicações de pelo menos dois anos. “Quem comprou IPCA + 6% aproveitou uma boa oportunidade; a tendência é que as taxas voltem aos patamares mais próximos do juro neutro, em torno de 5%, e o portfólio apresente retornos positivos”, diz Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez.
Os analistas explicam que o risco fiscal é o principal culpado por taxas tão altas: investidores ficam preocupados com a capacidade do Brasil de pagar suas contas ao ver o País gastando cada vez mais, então pedem um prêmio maior para emprestar dinheiro ao governo. Logo, na visão deles, o juro alto tem justificativa, mas tende a cair.
“O governo vai querer ajustar as contas, não quer fazer besteira e o IPCA deve começar a vir de acordo com o esperado”, diz Gass. Para ele, “uma série de coisas ruins” precisam acontecer para elevar os juros novamente”.
Em qual vencimento apostar?
Em uma dinâmica incomum nos títulos públicos, o vencimento mais curto do Tesouro IPCA+ tem, atualmente, a maior taxa: 6,51% de juro real até 2029. O prêmio mais alto em um período menor pode atrair muita gente, mas quem acompanha o mercado de perto alerta que nem sempre é melhor aplicar no papel que paga mais.
O principal risco de investir no vencimento mais curto é ficar sem opções tão boas quando receber o pagamento, o chamado risco de reinvestimento. “Caso seu objetivo seja de longo prazo, aproveitar para travar esse nível de taxa até o vencimento parece uma boa alternativa”, analisa Leal.
Já quem investe pensando em vender o papel antes do vencimento para ter lucro pode ter confiança na estratégia, mas precisa de paciência. “Acredito que o juro real volte ao patamar de juro neutro no médio prazo, dando oportunidade aos investidores que aplicaram a IPCA + 6% saírem com lucro, sem precisarem carregar até o vencimento”, prevê o estrategista do BGC Liquidez. Gass também confia que “quem comprou visando uma saída de pelo menos dois anos, não de seis meses ou um ano, vai conseguir aproveitar o fechamento das taxas”.
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