‘É melhor para o Brasil se for Kamala, não Trump’, diz Padovani
Nos próximos dias ficará definido quem ocupará a Casa Branca pelos próximos quatro anos: Kamala Harris ou Donald Trump. Para Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, está claro que a vitória da democrata seria melhor para o cenário macroeconômico do Brasil.
“O Trump trabalha com a ideia de expansão fiscal, fechamento comercial e políticas migratórias extremas. Tudo isso indica aumento de inflação e manutenção juros internacionais mais altos por mais tempo. Ou seja, dólar forte no mundo”, diz Padovani.
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O movimento do câmbio nos últimos dias já indica um pouco do que significa uma vitória de Donald Trump. O mercado financeiro já trabalha com essa perspectiva e começou a precificar este cenário. O “Trump Trade” fez o dólar atingir o valor mais alto desde 2021, encostando na máxima histórica de R$ 5,90.
Para Padovani, a expansão fiscal é algo comum entre Trump e Kamala, porém, o fechamento comercial e maior protecionismo e a promessa de deportação de migrantes devem ter efeitos maiores no mercado de trabalho e na inflação. Além disso, ele também cita as questões geopolíticas, como o embate com a China.
“Trump é mais prejudicial para os mercados emergentes. Faz diferença se for Kamala e não Trump. Os dois trabalham com expansão fiscal, mas o geopolítico da Kamala é menos ruidoso”, diz Padovani.
Para além de Estados Unidos, o economista vê o cenário global deteriorado para os próximos meses, sem gatilhos que possam ajudar nos fundamentos da economia brasileira.
A China desaquecida e com baixa demanda por matéria-prima é um detrator para o crescimento do país. O economista acredita que os preços das commodities no mercado internacional devem diminuir no próximo ano, embora veja a possibilidade de uma nova safra recorde para os grãos brasileiros.
Fiscal + Kamala
Os dois principais eventos da semana que devem dar mais clareza para a perspectiva da economia do Brasil em 2025 devem se desenrolar nos próximos dias.
O primeiro seria a eleição de Kamala Harris como presidente dos Estados Unidos. O segundo é o anúncio de um pacote de corte de gastos robusto pelo Ministério da Fazenda.
“A questão é apresentar um plano que indique a sustentabilidade do arcabouço fiscal. A dúvida que existe hoje é se o plano do governo converge para em algum momento se estabilizar a dívida pública. Se o arcabouço voltar a ser crível e sinalizar para estabilidade futura, o mercado de acalma”, diz Padovani.
Para o economista, esses são os dois gatilhos que podem fazer os juros futuros caírem e o dólar voltar ao patamar de R$ 5,60.
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