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Setembro 16, 2024
Global

Como a Mpox se espalha e quem corre mais risco? Tire suas dúvidas

  • Setembro 1, 2024
  • 6 min leitura
Como a Mpox se espalha e quem corre mais risco? Tire suas dúvidas

Este mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Mpox uma emergência de saúde global. Anteriormente conhecido como “monkeypox” (varíola dos macacos), o vírus está se espalhando rapidamente em partes da África, particularmente na República Democrática do Congo. O surto foi impulsionado por uma nova variante do vírus, que também já foi detectada na Suécia e na Tailândia.

Em rápida evolução, a situação gerou ansiedade e confusão sobre quem corre risco de infecção e como o vírus se espalha. “Entendo por que há preocupação”, disse o Dr. Taimur Khan, diretor associado de pesquisa médica do Fenway Health, um centro médico em Boston. Mas, acrescentou, “não é como se estivéssemos sendo pegos de surpresa como fomos com a COVID-19. É um vírus com o qual estamos familiarizados, até certo ponto, e já temos ferramentas.”

Solicitamos a Khan e a outros especialistas que tirassem algumas dúvidas frequentes sobre o vírus.

O que estamos aprendendo a respeito de como a Mpox se espalha?

À medida que o vírus evoluiu, também evoluiu nosso entendimento sobre como ele circula, explicou a Dra. Rosamund Lewis, líder técnica da equipe global de resposta à Mpox da Organização Mundial da Saúde.

No surto de 2022, muitos casos foram causados por contato sexual. A versão mais recente do vírus ainda se espalha principalmente por meio do sexo, mas os especialistas afirmam que ele também está circulando de outras maneiras, dentre as quais interações pele a pele, contato com animais infectados e contato com superfícies, objetos ou tecidos contaminados, como roupas de cama e vestuário. Pesquisadores estão investigando como o vírus pode se propagar por meio de gotículas respiratórias e interações presenciais prolongadas.

“Nem sempre sabemos exatamente qual foi o modo de transmissão em qualquer situação”, observou Lewis.

Os cientistas continuam investigando em que momento as pessoas se tornam contagiosas. Algumas pessoas podem espalhar a Mpox dias antes de aparecerem sintomas, entretanto, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, até o momento não há evidências que indiquem que pessoas assintomáticas possam disseminar o vírus.

Quem está mais em risco?

O risco é maior em países da África Central e Oriental, especialmente no Congo e países vizinhos.

“No momento, a realidade é que o risco para norte-americanos é extremamente pequeno”, disse o Dr. Carlos del Rio, especialista em doenças infecciosas da Emory University.

Profissionais de saúde e pessoas que vivem na mesma casa que alguém que esteja com Mpox são suscetíveis à infecção. Como o vírus se espalha de forma muito eficiente por meio do contato íntimo, pessoas que têm diversos parceiros sexuais correm mais risco de contraí-lo.

Por que algumas pessoas apresentam casos mais graves do que outras?

A Mpox pode causar erupções cutâneas dolorosas, febre, dores de cabeça e musculares, inchaço dos gânglios linfáticos e outros sintomas. A maioria das pessoas se recupera da Mpox em um mês, mas o vírus pode ser fatal. A variante atualmente em circulação na África parece causar doenças mais graves e ser mais mortal do que a que se disseminou em 2022.

Bebês e crianças correm maior risco de ficarem gravemente doentes, em parte porque seus sistemas imunológicos ainda estão em desenvolvimento. “Crianças ficam muito mais doentes e muito mais rapidamente”, explicou Lewis. A maioria das mortes no Congo ocorreu entre jovens com menos de 15 anos de idade.

Pessoas imunocomprometidas, especialmente aquelas com HIV não tratado, também têm maior probabilidade de desenvolver a forma mais grave da doença, pois seus sistemas imunológicos não conseguem combater o vírus de maneira eficaz. Contrair o vírus durante a gravidez pode levar a complicações, incluindo a perda da gestação.

Quem deve ser vacinado? Por quanto tempo a vacina protege a pessoa?

Autoridades globais de saúde levantaram preocupações sobre lacunas no acesso às vacinas: embora o Congo seja o epicentro do surto atual, por exemplo, não há vacinas disponíveis lá. Há mais acesso às vacinas em países ocidentais ricos.

“Sinceramente, no momento nosso principal objetivo é tentar conter o surto na África e enviar vacinas para a região”, afirmou del Rio.

Mas a atenção renovada voltada à Mpox também pode estimular pessoas elegíveis nos Estados Unidos a se vacinarem. O CDC recomenda que alguns homens que fazem sexo com homens, pessoas transgênero e pessoas não binárias sejam vacinados, incluindo aqueles que têm múltiplos parceiros sexuais ou que tiveram infecções sexualmente transmissíveis. Pessoas que sabem ou suspeitam ter sido expostas a alguém com Mpox também devem receber a vacinação.

Especialistas afirmam que outros grupos também podem considerar se vacinar, como mulheres que têm relações sexuais com homens bissexuais. Segundo Osmundson, “se você participa de redes sexuais queer, independentemente de sua identidade, pode ser vacinado”.

O CDC oferece um diretório on-line que permite às pessoas encontrarem centros de vacinação que oferecem vacinas contra Mpox próximas a elas. As pessoas devem tomar duas doses, com pelo menos 28 dias de intervalo; se alguém recebeu apenas uma dose, nunca é tarde para uma segunda. Estudos indicam que duas doses da vacina podem reduzir o risco de infecção entre 66% e 88%.

Os cientistas agora estão estudando a duração dessa proteção. “Não podemos prometer que a vacina será eficaz para sempre”, disse a Dra. Kelly Johnson, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, em São Francisco. As pessoas podem contrair Mpox mesmo que tenham sido vacinadas, explicou, mas esses casos tendem a ser menos graves. Ela comparou as vacinas contra Mpox com as vacinas contra a COVID.

“Se você contrair COVID e estiver vacinado, há uma boa chance de que não será uma daquelas pessoas que ficam gravemente doentes”, disse. “Acredito que a mensagem seja a mesma no caso da Mpox.”

Este artigo foi publicado originalmente no The New York Times

Fonte: InfoMoney