Athletico e os homens de boa vontade. Existem e quem são eles?
A essa altura da vida, quando tudo parecia que já havia acontecido, não esperava que os meus netos Leonardo Caron (12 anos) e Francisco Godino (9 anos) perguntassem: “Dudu, o Athletico vai cair?”
Dói ver a geração dessas crianças tendo o seu orgulho pelo Furacão submetido ao risco de ser ferido. Foram tantas promessas e ilusões criadas, que essa geração passou a acreditar no impossível.
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E, então, para responder, obrigo-me a fazer um retorno ao meu passado.
Lá atrás, quando buscava esperança, transportava a lição de Santo Agostinho para o tempo presente. Em sua “Confissões”, Agostinho crava: “a esperança tem duas filhas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem a mudá-las. Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer”.
Naquele tempo era possível ter esperança. A indignação e a coragem não eram abstratos, eram projetados por dirigentes e jogadores que sabiam o significado como valor sentimental para o torcedor.
Hoje, considerado um bem já inscrito em testamento como patrimônio apenas de valor material e não de sentimento, qualquer recurso para se ter esperança é frágil. Como em toda a propriedade particular, o acesso é proibido, não sendo permitido a busca de elementos para se ter esperança ou no mínimo ilusão.
A única coisa que se abre para o povo, na Baixada, é a Choperia Brahma para tornar mais ricos aqueles parecem indiferentes com o resultado esportivo.
Paulo Autuori tinha a obrigação de oferecer uma explicação sobre os 5 a 2 para o Corinthians. É que ao assumir a locução oficial do Athletico, a ele caberia a indignação pelo atual estágio na classificação e a coragem para mudá-la. Só assim será possível utilizar-se dos números para ter esperança.
No mundo privado e invulnerável que vivem no CT do Caju, não se sabe se há indignação e coragem para mudar as coisas. E, se existem, qual o grau e o que está se fazendo.
Teimo em acreditar de que Mario Celso Petraglia, para tornar mais viável a venda da sociedade anônima e o enriquecimento da Fundação, do qual se auto elegeu presidente, que já pegou naco do CT do Caju, tenha adotado o princípio de que, às vezes, a melhor coisa é não fazer nada.
É triste o que o Athletico faz com a sua torcida.
Para responder aos meus netos, lembrei da frase de John F. Kennedy, à espera do telegrama de Kruschev para por fim à crise dos Mísseis: “Se o sol sair amanhã, é só pelos homens de boa
vontade”.
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